segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Diário de um Lobo - Parte 2

Continuando...



Esse vizinho era o irmão do Primeiro Porquinho.
Ele era um pouco mais esperto, mas não muito. Tinha construído a sua casa com lenha.
Toquei a campainha da casa de lenha. Ninguém respondeu.
Chamei: “Senhor Porco, senhor Porco, está em casa?”.
Ele gritou de volta: “Vá embora Lobo. Você não pode entrar. Estou fazendo a barba de minhas bochechas rechonchudas”.
Tinha acabado de pegar na maçaneta quando senti outro espirro vindo.
Eu inflei. E bufei. E tentei cobrir a minha boca, mas soltei um grande espirro.
Você não vai acreditar, mas a casa desse sujeito desmoronou igualzinho à do irmão dele.
Quando a poeira baixou, lá estava o Segundo Porquinho – mortinho da silva. Palavra de honra.
Na certa você sabe que a comida estraga se ficar abandonada no relento.
Então fiz a única coisa a ser feita. Jantei de novo.
Era o mesmo que repetir um prato.
Eu estava ficando tremendamente empanturrado. Mas estava um pouco melhor do resfriado.
E eu ainda não conseguira aquela xícara de açúcar para o bolo de aniversário da minha querida e amada vovózinha. Então fui até a casa do próximo vizinho.
Esse sujeito era o irmão do Primeiro e do Segundo Porquinho.
Devia ser o crânio da família. A casa dele era de tijolos.
E venham me acusar de grosseria!
Ele tinha provavelmente um saco cheio de açúcar. E não ia me dar nem uma xicrinha para o bolo de aniversário da minha querida e amada vovózinha.
 Que porco!
Eu já estava quase indo embora para fazer um lindo cartão de aniversário em vez de um bolo, quando senti um espirro vindo.
Eu inflei. E bufei.
E espirrei de novo.
Então o Terceiro Porquinho gritou:
- “E a sua velha vovózinha pode ir às favas”.
Bati na casa de tijolos. Ninguém respondeu.
Eu chamei: “Senhor Porco, o senhor está?”.
E sabe o que aquele leitãozinho atrevido me respondeu?
“- Cai fora daqui, Lobo. Não me amole mais”.
Sabe, sou um cara geralmente bem calmo. Mas, quando alguém fala desse jeito da minha vovózinha, eu perco a cabeça.
Quando a polícia chegou, é evidente que eu estava tentando arrebentar a porta daquele Porco. E todo o tempo eu estava inflando, bufando e espirrando e fazendo uma barulheira.
Tive um azar: os repórteres descobriram que eu tinha jantado os outros dois porcos. E acharam que a história de um sujeito doente pedindo açúcar emprestado não era muito emocionante. Então enfeitaram e exageraram a história com todo aquele negócio de “bufar, assoprar e derrubar sua casa”.
E fizeram de mim o Lobo Mau.
É isso aí.
Esta é a verdadeira história. Fui vítima de uma armação.

Mas talvez você possa me emprestar uma xícara de açúcar.

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